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27 de outubro de 2009

Anísio Spínola Teixeira

Biografia de um educador
Formação e início da vida pública


Deocleciano Teixeira, pai de Anísio
Seu pai, o
médico Deocleciano Pires Teixeira, foi chefe político do município de Caetité, casara-se com três irmãs, sucessivamente, sendo sua mãe a terceira delas. A família Spínola, secular na região, tinha já vários expoentes na vida social e política nacional - a exemplo de Aristides Spínola e Joaquim Spínola, que foi presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, e fundador da Revista dos Tribunais.
Em sua cidade natal iniciou os estudos no Colégio São Luís Gonzaga, de
jesuítas, continuando depois sua formação basilar em Salvador, em 1914, no Colégio Antonio Vieira, também desta Ordem Religiosa.
Sob a influência desta instituição, cogitou tornar-se um jesuíta - sonho veementemente combatido por seu pai, que projetara uma carreira política para o filho.
Ainda aos dezessete anos teve sua inteligência reconhecida por
Teodoro Sampaio, que o convida para proferir uma palestra no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia.
Formando-se em
1922 na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (atual Faculdade de Direito da UFRJ), dois anos depois foi nomeado pelo Governador Góes Calmon Inspetor Geral de Ensino da Bahia - cargo equivalente hoje ao de Secretário da Educação.
[
editar] O educador na Bahia

Casa Natal de Anísio Teixeira, Caetité - Bahia
A fim de melhor desempenhar esta função viaja, em
1925, para a Europa, onde observa o sistema educacional de diversos países - implementando em seguida várias reformas no ensino do estado.
Anísio consegue ampliar o sistema educacional, privilegiando a formação de professores. Em sua terra natal, Caetité, reinaugura a Escola Normal, fechada em
1901 por Severino Vieira.
Em
1927 vai aos Estados Unidos, onde trava conhecimento com as idéias do filósofo e pedagogo John Dewey, que muito vão influenciar seu pensamento. No ano seguinte demite-se do cargo pelo fato do novo governador não concordar com suas idéias sobre mudanças no ensino.
Volta aos Estados Unidos (
1928), onde faz pós-graduação. De volta ao Brasil traduz, pela primeira vez em português, dois trabalhos de Dewey.
[
editar] No Rio de Janeiro
Muda-se para o Rio de Janeiro, ocupando a Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal, em
1931, em cujo mandato institui a integração da "Rede Municipal de Educação", do fundamental à universidade. Diversas melhorias e mudanças foram feitas, mas a que maior polêmica gerou foi a criação da Universidade do Distrito Federal, em 1935.
Em
1932 participa do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, tendo publicado neste período duas obras sobre educação que, junto a suas realizações, deram-lhe projeção nacional.
[
editar] Política, realização e perseguição
Durante a última fase do
Estado Novo, Anísio afasta-se da vida pública. Dedica-se, então, à mineração - atividade de alguns parentes. Aproxima-se mais do amigo Monteiro Lobato e publica Educação para a Democracia, além de realizar diversas traduções.
Na
década de 1940 foi Conselheiro da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Voltando o país ao regime democrático, em
1946, Anísio é convidado por Octávio Mangabeira - socialista, fundador da UDN, também exilado e então eleito para o Governo da Bahia - para ser o Secretário de Educação e Saúde. Dentre outras realizações, constrói na Liberdade - o mais populoso e pobre bairro da capital baiana - o "Centro Educacional Carneiro Ribeiro", mais conhecido por Escola Parque, lugar para educação em tempo integral e que serviria de modelo para os futuros CIACs e CIEPs.
Nos
anos 50, dirigiu o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, ou INEP, órgão do Governo Federal, que desde o governo de Fernando Henrique Cardoso se chama Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (ver seu site em [2]). Foi também o criador e primeiro dirigente da Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (atual CAPES), criada em 11 de julho de 1951, pelo Decreto nº 29.741, pelo presidente Getúlio Vargas, e que Anísio dirigiu até o golpe de 1964. A CAPES subordinava-se diretamente ao Presidente da República mas, depois de 1964, passou a integrar o organograma do Ministério da Educação (ver [3]). De todo modo, com a ditadura militar, Anísio deixou a sua direção.
Foi um dos idealizadores do projeto da
Universidade de Brasília (UnB), inaugurada em 1961, da qual veio a ser reitor em 1963, para ser afastado após o golpe militar de 1964.
[
editar] Uma morte misteriosa
Diversas circunstâncias obscuras cercam a morte de Anísio Teixeira. Dois meses antes da sua, ele escreveu: "Por mais que busquemos aceitar a morte, ela nos chega sempre como algo de imprevisto e terrível, talvez devido seu carater definitivo: a vida é permanente transição, interrompida por estes sobressaltos bruscos de morte". (numa carta a Fernando de Azevedo)
Por intercessão do amigo
Hermes Lima, Anísio candidata-se a uma vaga da Academia. Inicia, assim, a série de visitas protocolares aos Imortais.
Depois da última visita, ao lexicógrafo
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Anísio desaparece. Preocupada, sua família investiga o paradeiro, sendo informada pelos militares de que ele se encontrava detido.
Uma longa procura por informações tem início - repetindo um drama vivido por centenas de famílias brasileiras durante a
ditadura militar. Mas, ao contrário das desencontradas informações e pistas falsas, seu corpo é finalmente encontrado.
Anísio estava no fosso do elevador do prédio do imortal Aurélio, na
Praia de Botafogo, no Rio. Dois dias haviam se passado de seu desaparecimento. Não havia sinais de queda, nem hematomas que a comprovassem. A versão oficial foi de "acidente".
Calava-se, para um Brasil mergulhado em sombras, uma voz em defesa da educação - portador da "subversiva" ideia de um país melhor. Era o dia
14 de março de 1971.
Anísio Spínola Teixeira (Caetité, 12 de julho de 1900Rio de Janeiro, 11 de março de 1971) foi um jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro. Personagem central na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundiu os pressupostos do movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de julgamento, em detrimento da memorização. Reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Foi um dos mais destacados signatários do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova (ver sua íntegra em [1]), em defesa do ensino público, gratuito, laico e obrigatório, divulgado em 1932. Fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.

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